Digitalização está distante de 65% da indústria (DCI)
Dois terços do setor manufatureiro não planeja nem conhece potencial da internet das coisas; 23% do mercado deve iniciar projetos neste ano, mas adoção massiva só se dará a partir de 2020

Crise diminuiu ímpeto por novas tecnologias na indústria brasileira
O uso da internet das coisas (IoT) na atividade industrial ainda é realidade distante em mais de metade do setor. Segundo a Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), 65% do segmento não possui nem planeja iniciativas de manufatura avançada.
A conclusão é de estudo recente realizado pela entidade, que agrega 40 integradoras de tecnologia, startups, consultorias e fornecedoras de sensores, plataformas ou aplicativos voltados para a digitalização de processos. Dentre as 84 manufatureiras entrevistadas, 68% afirmaram ter conhecimento escasso sobre a tecnologia indutora da chamada indústria 4.0.
“De certa maneira o mercado ainda está sendo educado”, afirmou o presidente da ABII, José Rizzo. O dirigente destacou que mesmo os 35% com projetos já em execução não indicam uma adoção acelerada da internet das coisas, visto que muitas das iniciativas seriam projetos-piloto.
Ainda assim, na ABII a expectativa é que 23% da indústria comece projetos – tímidos ou não – do gênero neste ano. Em 2019 outros 10% devem trilhar o mesmo caminho, fomentando movimento semelhante no restante da cadeia.
“À medida que surgirem mais casos com números e resultados concretos, haverá uma corrida atrás da tecnologia”, aposta Rizzo, que também é CEO da integradora Pollux. “Ainda estamos na fase mais leve do crescimento. A partir de 2020 devemos ter uma curva de adoção mais rápida.”
Outro fator que deve acelerar a transformação da indústria é a pressão governamental. Rizzo cita o exemplo do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, que tornará obrigatória a rastreabilidade de medicamentos na indústria farmacêutica: após a dilatação dos prazos de adequação “haverá alguns pilotos neste ano, com adoção massificada em 2019”. Até 2021 toda a cadeia deverá estar adequada à norma, impulsionando a busca por tecnologias como sensores e plataformas que permitam um acompanhamento da cadeia em tempo real.
ImpulsãoO “efeito dominó” previsto por José Rizzo na adoção da internet industrial das coisas verificou-se na Termica Solutions. Integradora e desenvolvedora de soluções para o monitoramento de processos térmicos (como a atividade de fornos, estufas e aquecedores), a empresa teve uma primeira experiência bem-sucedida de venda ao instalar sensores em parte do maquinário da Granaço Fundição.
A tecnologia para monitoramento de temperaturas em tempo real agradou a indústria situada em Joinville (SC), que deve replicar o projeto em toda planta. “Depois de descobrir o ‘smart-forno’ ninguém quer voltar para o tradicional”, brincou o CEO da Termica Solutions, Claudio Goldbach.
Como resultado, projeto similar deve ser implementando pela empresa de tecnologia dentro da planta de uma grande indústria do ramo do vidro. “Novas tecnologias tem cheiro de coisa cara, mas a internet [das coisas] industrial reduz custos ao invés de aumentá-los”, pontuou Goldbach.
A Termica Solutions é uma das associadas da ABII, que pretende dobrar o número de membros para 80 em 2018; há interesse de envolver potenciais clientes e players do setor público. Ao DCI, José Rizzo contou que a entidade já está envolvida na elaboração de projeto para diminuir o desperdício de água em Joinville com ajuda dos sensores. “Seis empresas já aceitaram desenvolver a solução. Se resolvermos, podemos levá-la para outros 5 mil municípios com o mesmo problema.”
Fonte: https://www.dci.com.br/servicos/digitalizac-o-esta-distante-de-65-da-industria-1.678861
Indústria cresce 4,7% e tem melhor novembro desde 2010
Por Daniel Silveira e Luísa Melo, G1
A produção da indústria brasileira cresceu 4,7% em novembro de 2017 frente a igual mês do ano anterior, divulgou nesta sexta-feira (5) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a sétima taxa positiva consecutiva nessa base de comparação e a maior para novembro desde 2010, quando o avanço havia sido de 5,3%.
Na comparação com outubro, na série com ajustes sazonais, a atividade industrial aumentou 0,2%, o terceiro número positivo seguido. Com isso, o ganho acumulado chegou a 0,9% em três meses.
O IBGE revisou o dado de outubro de uma alta de 0,2% para 0,3% na comparação com o mês imediatamente anterior.
Segundo o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo, os três resultados positivos seguidos, de setembro a outubro, têm influência sazonal, considerando o natal, além de uma relação direta com a melhora da economia de modo geral.

Indústria cresce 4,7% e tem melhor novembro em sete anos
“As vendas com vistas ao final do ano, muito alavancadas pela melhora da demanda doméstica com aumento da ocupação, aumento da renda real e uma inflação mais comportada, dão um pouco de entendimento das razões dessa produção industrial ter tido resultados positivos especialmente para bens de consumo durável”, disse o pesquisador
No acumulado do ano até novembro, a produção industrial teve alta de 2,3%. Já em 12 meses, o avanço foi de 2,2%, o melhor resultado desde setembro de 2013, quando o crescimento havia sido de 2,3%.
Recuperação lenta
Dos 11 meses de 2017 avaliados pelo IBGE, somente dois tiveram resultado negativo na produção industrial – março e agosto. Isso sugere, segundo Macedo, que a indústria brasileira tem se recuperado, embora com lentidão.
“A magnitude do crescimento dá um pouco essa leitura de recuperação gradual. Claro que há uma melhora de ritmo da produção, mas os resultados positivos ainda ficaram muito próximo da margem”.
O pesquisador destacou que em termos de patamar de produção, em novembro a indústria ficou 16,7% distante de seu pico histórico, registrado em junho de 2013. “Mas, ainda assim, é o melhor patamar desde outubro de 2015”.
Desempenho mês contra mês
De acordo com Macedo, do IBGE, dentre as grandes categorias econômicas, a de bens de consumo duráveis, com destaque para os automóveis, e a de bens intermediários, em especial a metalurgia, celulose e parte da produção de alimentos, foram as principais responsáveis pelo avanço da produção em novembro, no confronto mensal.
Altas nas grandes categorias
- Duráveis: 2,5%
- Bens intermediários: 1,4%
- Bens de capital: 0,0%
Baixas nas grandes categorias
- Bens de consumo: -0,7%
- Semiduráveis e não duráveis: -1,6%
Doze dos 24 setores pesquisados pelo IBGE apresentaram crescimento na produção na passagem de outubro para novembro. O gerente da pesquisa apontou que o maior destaque foi na produção de farmoquímicos e farmacêuticos, que avançou 6,5%) e acumulou ganho de 26,6% nos dois últimos meses. Com isso, este ramo industrial eliminou parte da perda de 18,5% registrada em setembro.
Principais altas por setor
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: 6,5%
- Celulose, papel e produtos de papel: 2,3%
- Metalurgia: 2,2%
- Perfumaria, sabões produtos de limpeza e higiene pessoal: 1,9%
- Produtos alimentícios: 0,7%
Principais baixas por setor
- Bebidas: -5,7%
- Confecção de artigos de vestuário e acessórios: -5,8%
- Produtos diversos: -9,0%
- Máquinas e equipamentos: -1,4%
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -0,7%
A renovação industrial esboçada nos anos 1990 começa a tomar forma, viabilizada pelo avanço da digitalização
A história da industrialização é marcada por ondas, embaladas por avanços tecnológicos e mudanças socioeconômicas. A primeira onda foi filha do século XVIII, com o início da mecanização. A segunda onda tomou forma no século XIX, com a introdução da energia elétrica e do sistema de produção em série.
A terceira onda chegou no fim do século XX, com a disseminação da eletrônica e da automação. A quarta onda é aqui e agora, com o que experts (e espertos) denominam de fusão entre o mundo físico e o mundo virtual.
A nova onda foi prontamente abraçada por grandes empresas de consultoria. McKinsey, BCG, PWC e Deloitte já usam sua retórica sedutora-ameaçadora usual para empacotar conceitos e supostamente ajudar executivos e empresas na difícil transição. Descontados a pirotecnia e o abuso do jargão, há, no fundo, questões relevantes a considerar.
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Ciência, tecnologia e inclusão social
O termo (e slogan) indústria 4.0 surgiu na Alemanha, como resposta de política industrial desse país altamente industrializado à ameaça concorrencial da China. Refere-se à reorganização dos processos industriais com base em alta tecnologia e em subsistemas que se comunicam de forma autônoma entre si ao longo de toda a cadeia produtiva.
Digitalizar uma cadeia produtiva significa investir em automação e comunicação e criar um espelho virtual do mundo real, fazendo com que os vários subsistemas se comuniquem entre si e otimizem todo o ciclo produtivo. O modelo foi disseminado em um artigo de Jeffrey F. Rayport e John J. Sviokla, publicado na Harvard Business Review, em 1995.
Explorar a cadeia virtual pode gerar ganhos substantivos em termos de redução de ciclos, produtividade e racionalização de recursos. As mudanças tecnológicas envolvem robótica, redes de comunicação, processamento maciço de dados e uso de algoritmos sofisticados para apoio à tomada de decisão. Nada disso é novo, mas o barateamento dos recursos chegou a tal ponto que começa a viabilizar aplicações.
O relatório de um grupo de estudos comissionado pelo Parlamento Europeu, veiculado em 2016, reconhece que a nova onda implica mudanças substantivas na tecnologia e nos modelos de negócios, podendo impactar empresas de todos os portes.
A nova onda demanda também mudanças nas relações entre os agentes que compõem as cadeias produtivas, as quais nem sempre são amigáveis. A operação em rede exige que os elos – fornecedores, fabricantes, distribuidores e varejistas – operem de forma integrada. Confiança e cooperação são, portanto, essenciais.
O impacto sobre o trabalho pode também ser substantivo. A digitalização exige mão de obra qualificada. O aumento da produtividade com frequência leva à redução dos quadros operacionais. Por outro lado, a otimização da cadeia produtiva tende a reduzir o consumo e o desperdício de recursos, contribuindo para a sustentabilidade. O aumento da competitividade tende a gerar riqueza para a sociedade em geral.
O movimento afeta diferentemente empresas grandes, médias e pequenas. As empresas grandes têm maior capacidade de investimento e maior acesso à tecnologia, mas sofrem, frequentemente, com a inércia gerada pela mentalidade e processos existentes. O sucesso no passado leva constantemente ao fracasso no futuro. As empresas médias e pequenas sofrem com a falta de recursos, mas costumam ter maior liberdade e necessidade para testar novos conceitos e ideias.
Qualquer que seja o porte, a criação de um modelo sólido de negócios é essencial e deve anteceder qualquer decisão de investimento em tecnologia. Ondas de mudanças costumam deslocar os centros de poder nas cadeias produtivas.
Posições antes dominantes, que no passado permitiam gerar lucros invejáveis e prosperar, podem desaparecer. O ocorrido nas últimas décadas em diversos setores serve de alerta para aqueles que ainda não foram atingidos, e que sentem a ameaça de se tornarem a bola da vez. Nem banqueiros escapam.
A transição para o maravilhoso (ou não tão maravilhoso) mundo digital não é trivial. É preciso mudar tecnologia, estratégia, processos, práticas e pessoas. Os quadros profissionais, da média gestão aos operários, nem sempre bem informados e frequentemente mal alinhados, podem resistir, passiva ou ativamente, ao movimento. O risco de não embarcar tende a ser maior do que o risco de embarcar.
por Thomaz Wood Jr. — publicado 22/11/2017 00h11, última modificação 21/11/2017 09h09 publicado no caderno de econômia do: www.cartacapital.com.br
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